Por Dra. Luísa Wolpe – Nutricionista Speaker da Sanavita
Nos últimos anos tem-se estabelecido uma concepção na nutrição de que o colágeno é um importante alimento funcional, sendo fonte, principalmente, de peptídeos bioativos que desempenham diferentes atividades no organismo.
Esse conceito vem se solidificando, sobretudo, pelo aumento dos relatos científicos que versam sobre os benefícios da sua suplementação na manutenção de diferentes tecidos. Na pele, por exemplo, os peptídeos de colágeno estimulam a atividade dos fibroblastos e aumentam a produção de componentes estruturais na matriz dérmica melhorando a qualidade desse tecido.
Assim, dado os benefícios do consumo do colágeno, incorporá-lo como recurso nutricional sempre foi alvo de interesse por diferentes profissionais da área da saúde. No entanto, as quantidades administradas nos estudos variam de 2,5 a 15g e mostram um amplo espectro na suplementação.
No artigo intitulado como Significant Amounts of Functional Collagen Peptides Can Be Incorporated in the Diet While Maintaining Indispensable Amino Acid Balance (Quantidades significativas de peptídeos funcionais de colágeno podem ser incorporados na dieta, mantendo o equilíbrio indispensável de aminoácidos) de 20191, os autores buscaram saber qual a quantidade de colágeno pode ser administrada na dieta (ocidental) sem alterar a quantidade de proteína ou aminoácidos ideal para um indivíduo adulto saudável. Vale lembrar que o colágeno sempre foi considerado uma fonte proteica não tão adequada, principalmente, por limitar sua composição em alguns aminoácidos, especialmente o triptofano.
O estudo mostra que, mesmo tendo esse “apelo” de uma fonte não adequada de proteínas, o colágeno pode compor mais de um terço (36%) do total das proteínas ingeridas por um indivíduo adulto e, ainda assim, não altera para menos o pool total de aminoácidos a ser ingerido. Como mostra a figura 1, o consumo proporcional de colágeno dentro do montante total de proteínas ainda é capaz de manter o equilíbrio de aminoácidos dispensáveis e indispensáveis no organismo (PDCAAS igual a 1,0)
Figura 1. Diferenças no equilíbrio entre os aminoácidos indispensáveis e dispensáveis quando a proteína total da dieta padrão americana é substituída com 36% de peptídeos de colágeno1.
A figura sugere que o enriquecimento da dieta com quantidades efetivas de peptídeos de colágeno pode contribuir para um melhor equilíbrio nutricional dos vinte aminoácidos, mantendo o alto índice de qualidade proteica da dieta.
Dessa forma, os autores concluem que incluir peptídeos funcionais de colágeno como parte da ingestão diária de proteínas é benéfico não apenas por suas propriedades bioativas, mas também por sua rica disponibilidade de aminoácidos condicionalmente indispensáveis que podem se tornar indispensáveis em situações fisiológicas específicas e estágios da vida.
Isso, de fato, coloca o colágeno numa posição interessante e na nutrição estética ganha ainda mais notoriedade.
1Paul C et al. Significant Amounts of Functional Collagen Peptides Can Be Incorporated in the Diet While Maintaining Indispensable Amino Acid Balance. Nutrients, 11, 1079, 2019.